Lenovo e Motorola, o casamento não deu muito certo

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20/01/2017 às 13:25 | Atualizado há 5 anos
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A gigante Lenovo é mestre em aquisições. Um exemplo foi quando ela adquiriu a linha de PCs da IBM em 2004. Depois disso, a empresa chinesa conquistou o mercado de PC no mundo inteiro. Seguindo a mesma teoria, em 2014 ela adquiriu a Motorola, com o objetivo de ser líder global em smartphones. Mas não é bem isso o que aconteceu.

Parecia um bom negócio: ela pagou US$ 2,91 bilhões. Para efeito de comparação, o Google pagou US$ 12,5 bilhões pela mesma empresa 3 anos antes. Mas o Google não é besta, quando repassou a empresa, ele ficou com a maioria das patentes da Motorola, pioneira na criação de celulares. A Lenovo já era uma potência na Ásia, então era só juntar uma potência de cada lado do mundo para se tornar uma gigante global. Simples não é? Mas não foi, a Lenovo aprendeu que as coisas nem sempre fluem conforme o esperado

Os resultados financeiros registrados no primeiro trimestre de 2016 da Lenovo já mostraram que o negócio foi realmente um negócio da China. Na mesma época, a então potência Ocidental Motorola, não estava mais entre os 5 maiores figurões em vendas. E em 2017?

De acordo com o WSJ.com, a situação está pior ainda. A Motorola caiu de terceira no ranking mundial na era Google (obrigado Moto G) para oitavo lugar na era Lenovo. Isso em apenas 2 anos e meio. E a própria Lenovo caiu em posições na Ásia. Então a ideia de uma unificação de marcas, caiu por água.

Com essa queda de vendas da Motorola, a Lenovo consequentemente teve uma queda de lucros em 2016. Afinal, com vendas despencando, a empresa chinesa foi obrigada a demitir muitos funcionários americanos da Motorola, gerando alto custos. Fora cerca de 2 Mil funcionários só nos EUA.

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Moto G4 Plus

É difícil entender como a Lenovo conseguiu despencar a Motorola. Muitos apontam que a experiência chinesa não foi suficiente e a Lenovo não conseguiu se adaptar as mudanças bruscas de preferência dos usuários. Afinal o queridinho do momento pode ser de outra marca rapidinho. Foi o que aconteceu com o Moto G, por exemplo. Na primeira versão foi um fenômeno mundial, quando era do Google. Porém, na era Lenovo ele decaiu. Talvez o abandono da política de atualizações e até mesmo o preço baixo, ambos deixado de lado pela Lenovo, tenha prejudicado a fama que o Google deu a Motorola.

Outro ponto foi a convivência entre a marca Lenovo e Motorola. O objetivo era introduzi a marca Lenovo no Ocidente e a Motorola no mercado chinês. Mas não deu certo. A intenção era introduzir a Motorola na China como uma marca sofisticada e deixar a Lenovo para entrada.

Mas a Lenovo não conseguiu introduzir a Motorola corretamente. Afinal a competição é muito acirrada, e smartphones caros não sem bem vindos. A solução, ou tentativa, foi vender exclusivamente online. Estima-se que, em 2015, apenas 200 mil aparelhos Motorola tenham sido vendidos na China. Para mostrar o quão ruim é isso, a Xiaomi, que nem é líder de vendas na China, vendeu 65 milhões de unidades, explica o WSJ.com. Lembrando que a Xiaomi também só vendeu isso on-line.

Mas nem tudo está perdido. Mesmo não estando entre os 5 maiores, em mercado consagrados da marca Motorola, a Lenovo continua tendo resultados aceitáveis (aceitáveis não bons). Dois grandes exemplos, os maiores, são os EUA e o Brasil.

Nos últimos meses a nova safra de aparelhos (Moto Z, Z Play e Moto G4) estão tendo boa aceitação por aqui e nos states.

Mas a situação ainda é crítica. Acredito eu que a confusão de modelos hoje, a “samsuguinação” que a Lenovo fez com a marca Moto, não ajuda muito. Se voltasse a ter poucas linhas e uma política de atualizações igual tinha na era Google, iria melhorar. Mas a Lenovo parece nem de longe estar pensando nisso. Pelo contrário. Um exemplo é que há relatos que a empresa esteja testando o software dos aparelhos da ZUK – outra subsidiária de smartphones da empresa – em aparelhos da Motorola. Ai fica difícil Lenovo.

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Fundador e editor chefe da Tekimobile Midia. Além de empreender, trabalhou 20 anos com eletrônica e telecom até que decidiu se dedicar 100% na produção de conteúdo.
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