O Google monopoliza a internet? Sim, e está a destruindo

Veja como o Google monopoliza a internet e, aos poucos, está destruindo ela.
Avatar de André Luiz
03/02/2020 às 15:54 | Atualizado há 4 anos
O Google monopoliza a internet? Sim, e está a destruindo 1

Há cinco ou dez anos, sites independentes como o Tekimobile, tínhamos uma certa relevância e uma renda consistente na internet, graças  a publicidade. Mas isso mudou rapidamente, e por dois grandes motivos: Facebook e Google. Agora eles consomem a grande maioria dos dólares do mundo todo gasto em publicidade na Internet – cerca de cerca de 85% – e muitos meios de comunicação foram forçados a mudar para assinaturas diretas ou outros modelos de negócios.

Google e Facebook gerenciam isso porque são monopolistas de plataforma. Eles podem exercer uma tremenda influência através do controle de como as pessoas usam a Internet – e esmagar negócios produtivos no processo. 

Um exemplo, de alguns anos atrás, foi do site CelebrityNetWorth.com. Brian Warner, sozinho começou a empresa em 2008 sem pretensão nenhuma. Tudo começou quando ele resolveu postar no seu recém site informações pessoais sobre o comediante Larry David. Depois de algumas pesquisas, um artigo e bastante visitas procurando sobre ele, Warner percebeu que a demanda por informações sobre a riqueza de celebridades americanas era grande.

Assim, ele começou um pequeno negócio de mídia, contratando uma equipe de 12 pessoas para fazer investigações detalhadas — às vezes até correspondendo às próprias celebridades, e criou um gigantesco banco de dados com as riqueza das celebridades. Talvez não seja a busca mais nobre da história do jornalismo, mas estava atendendo a uma demanda pública e mantendo uma dúzia de pessoas produtivamente empregadas. O nome disso? Empreendedorismo!

Estava tudo muito bem, até que o Google teve a “ideia” de criar os ‘Snippets em destaque’. São aqueles cards com fotos que aparecem no topo da página de pesquisa quando você procura informações sobre alguém. O problema é que o Google, geralmente, com um pequeno resumo responde sua pergunta sem você precisar clicar em um site para obter a informação pesquisada.

Antes de lançá-lo, o Google perguntou a Warner se eles poderiam pegar os dados do seu site e creditá-lo. Obviamente, Warner recusou, mas o Google fez assim mesmo. O algoritmo que eles usam para os trechos é notoriamente suscetível a erros — e pior, os que são famosos por patrimônio líquido costumam deixar de creditar seu site. Muitos desses dados vieram de outros sites que ou copiavam do CelebrityNetWorth.com, ou postavam informações totalmente equivocadas. Mas o Google não consegue identificar isso. O resultado foi devastador para Warner:

Em fevereiro de 2016, o Google começou a exibir um trecho em destaque para cada uma das 25.000 celebridades no banco de dados do CelebrityNetWorth , disse Warner.Ele sabia disso porque adicionou algumas informações falsas para amigos que não eram celebridades para ver se eles apareceriam como respostas em destaque, e foi o que aconteceu.“Nosso tráfego desmoronou imediatamente”, disse Warner.“Comparando janeiro de 2016 – ano que tudo aconteceu – com janeiro de 2017, nosso tráfego caiu 65%.”Warner disse que teve que demitir metade de seu pessoal. – The Outline.

É verdade que Warner estava obtendo a maior parte de seu tráfego do Google estando sempre em primeiro lugar, o que concorrentes podem achar injusto, mas ele trabalhou e ofereceu informações e conteúdo que ninguém fazia, o mérito é dele. Muitos argumentam que é a ferramenta de busca é do Google, e eles têm o direito de fazer o que quiserem com isso. Mas quem diz isso é porque não consegue enxergar o poder do Google, o que eles estão fazendo com a internet, como estão centralizando as informações que não são deles em apenas uma empresa.

O Google é realmente uma ferramenta de pesquisa bastante bacana.Mas não é muito melhor do que o Yahoo ou o Bing — de fato, seu algoritmo é tão tendencioso que acho o DuckDuckGo uma ferramenta superior quando você procura material mais completo, ao invés de respostas rasas para perguntas rápidas. Mas, se você fornece 92% do tráfego de pesquisa mundial, quem vai querer anunciar com outra empresa?

Querem um exemplo mais no nosso nicho? Procurem agora no Google “Review do LG G8X ThinQ” e vejam o resultado. O primeiro resultado é de um site chamado Celulardireto.com. Nada contra o site, mas cliquem e vejam. Notem que não há nenhuma informação relevante, não testaram o produto, não tiraram foto do aparelho (claramente sequer tinham em mãos); simplesmente colocaram informações técnicas tiradas da internet. Não estou falando que o Tekimobile deveria estar em primeiro lugar, tem dezenas de sites com mais autoridade que nós, mas a questão é: quão confiável são as informações do Google? Façam a mesma pesquisa no Bing e vejam que os primeiros resultados são do Tudocelular e do Tecnoblog, dois dos maiores sites de tecnologia do Brasil, respeitados e confiáveis.

Em meados dos anos 90, quando Sergey Brin e Larry Page começaram a empresa, havia muitas outras ferramentas de busca disputando posição. O Google era um pouco melhor que os outros, e mais importante, foi lançado em um momento crucial em que a Internet estava explodindo em tamanho e popularidade. Quando as pessoas aprenderam a tentar encontrar coisas na internet, o Google geralmente era para onde elas eram enviadas.

Logo, “google” se tornou um verbo. Essa vantagem deu a eles uma enorme vantagem sobre outras empresas que tentavam competir no espaço de pesquisa. A Microsoft vem retirando dinheiro do Bing há anos e anos e quase não se importa com esse mercado, e o Yahoo foi sendo morto lentamente até ser vendido, tudo por causa do dinheiro dos anúncios que migraram para Google e o Facebook. No caso do Yahoo, que era a única empresa capaz de competir com o Google no campo de pesquisa, o erro foi mais deles do que de fato mérito do Google.

Como isso pode ser evitado é uma questão interessante. Pode ser que uma ação antitruste cuidadosa possa criar um mercado com vários concorrentes de pesquisa e, assim, criar alguma concorrência. Mas, como criar regras para mecanismos de pesquisas, é algo difícil de dizer.

A internet está nas mãos do Google. As pessoas confiam em suas informações, porém, não há ninguém que certifique que o que está lá é certo ou errado. Ah, mas basta procurar em outro lugar! Que outro lugar? A grande maioria nem sabe que existe outro buscador, um mundo além do Google. Ou seja, estamos na mão deles, a internet está na mão deles eles estão a destruindo.

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Fundador e editor chefe da Tekimobile Midia. Além de empreender, trabalhou 20 anos com eletrônica e telecom até que decidiu se dedicar 100% na produção de conteúdo.
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