Google ganha US$ 4,7 bilhões com notícias e buscas, sites não ganham nada

Enquanto gigantes como Google Facebook ganham bilhões com notícias, jornalistas e sites que escrevem não ganham.
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11/06/2019 às 19:06 | Atualizado há 5 anos
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Sabe quando você acessa o Google Noticias ou buscado, é bom acesar notícias facilmente, não é? Mas já parou para pensar o que o Google ganha em agregar tudo bonitinho para você? US$ 4,7 bilhões em um ano, para ser mais exato. É esse o valor que o Google ganhou só nos EUA em 2018 por meio de suas buscas e do Google News, segundo estudo divulgado ontem (10), pela News Media Alliance.

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Se o Google ganhou 4,7 bilhões graças as notícias de milhares de sites ao redor do mundo, quanto vocês acham que nós jornalistas ganhamos por fornecer a eles as notícias? Nada, ninguém recebe nada. Segundo David Chavern, presidente e diretor executivo da aliança que representa mais de dois mil jornais em todo o país, incluindo o The New York Times, não deveria ser assim. “Eles ganham com o que fazemos e é preciso que os jornais sejam melhor remunerados”, disse Chavern.

O valor de US$ 4,7 bilhões é quase o equivalente aos US$ 5,1 bilhões que o setor de notícias como um todo (todos sites de notícias do EUA inteiro) ganhou com propaganda digital no ano passado.

Ao divulgar o estudo (pdf), a News Media Alliance alertou que seu cálculo da receita obtida pelo Google foi conservador. A entidade, por exemplo, não computou o valor dos dados pessoais que a companhia armazena dos consumidores cada vez que eles clicam em um artigo noticioso. Com esses dados, o Google mostra propagandas através do Adsense relacionado com o que o usuário acessa, ou seja, a possibilidade deles clicarem e o Google ganhar das empresas é gigante, provavelmente perto ou maior do que os 4,7 bilhões.

“O estudo ilustra de maneira clamorosa o que todos sabemos, clara e penosamente”, disse Terrance C.Z. Egger, diretor executivo da Philadelphia Media Network, que publica o The Philadelphia Inquirer, o Philadelphia Daily News e philly.com. “A dinâmica atual nas relações entre as plataformas e nosso setor é devastadora”.

A News Media Alliance quer acabar com isso. Ela está preparando um estudo para apresentar em audiência os números para a Câmra dos Deputados americana, sobre a relação entre as compnhias de tecnologia – como o Google – e a mídia.

O que eles buscam é o chamado “Journalism Competition and Preservation Act”.  Se trata de um projeto de lei que daria aos editores de notícias uma isenção antitruste de quatro anos. Na prática, o Google e outras empresas semelhantes negociem o partilhamento dessas receitas vindas da internet.

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O projeto tem apoio dos dois partidos no Senado e na Câmara, incluindo o presidente e o membro que é o segundo em importância da subcomissão antitruste do Judiciário da Câmara.

Na Europa já acontece algo semelhante, em formato de lei. O Google até ameaçou abandonar o Google Notícias no velho continente por conta disso, ou seja, prefere sair do que compartilhar a receita.

O Google rebate dizendo que “os cálculos são imprecisos, como vários especialistas apontam”, disse um porta-voz. “O estudo ignora o valor que o Google proporciona. Todos os meses, o Google Notícias e Google Search redirecionam mais de 10 bilhões de cliques para os sites dos editores e geram assinaturas e receitas significativas de publicidade”, acrescentou.

A News Media Alliance baseou seu novo relatório em outro estudo realizado pela empresa de consultoria Keystone Strategy. Esta companhia utilizou uma estatística que foi publicada em 2008, quando um executivo do Google declarou que o Google Notícias respondera por US$ 100 milhões do seu faturamento. O estudo observou como as receitas da companhia aumentaram desde então.

A importância financeira das notícias para o Google

Segundo um estudo, um parte significativa das operações do Google são das notícias. Ele afirma que 40% dos cliques do Google Trends – Plataforma que mostra o que está em alta em tempor real – são para as notícias. Mais uma vez, o Google não paga por isso aos jornais, sites ou veículos independentes.

Egger, da Philadelphia Media Network, afirmou que as grandes empresas de tecnologia devem mostrar algum reconhecimento pelo conteúdo fornecido pelas empresas jornalísticas.

No mundo todo as duas maiores distribuidoras de notícias, a Alphabet (controladora do Google) e o Facebook, não pagam pelas notícias que entregam aos usuários. Se compararmos com a pré-internet, 100% das notícias que chegavam aos usuários; seja por jornais, rádio ou televisão, eram pagos diretamente aos magnatas da mídia, nada se perdia.

E se você pensa que o Google e o Facebook fazem isso porque são bonzinhos, muito pelo contrário. Essa intermediação chega aos leitores receheadas de publicidade em forma de banners, links e etc. Em ambas as empresas, a publicidade é a principal fonte de renda.

Como resultado, os jornais tradicionais perderam uma fonte crucial de renda nas últimas décadas, levando muitos a reduzirem o seu espaço ou desaparecerem. As grandes companhias de tecnologia “gostam deste negócio”, segundo Chavern. “É um bom negócio, caso em que você escreve para eles”, finalizou.

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Fundador e editor chefe da Tekimobile Midia. Além de empreender, trabalhou 20 anos com eletrônica e telecom até que decidiu se dedicar 100% na produção de conteúdo.
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